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Foto do escritorvilmamachado

Epoché

Atualizado: 22 de jan.



Escutei de novo que sou muito rebelde e que tenho problemas em aceitar a autoridade. Hoje sexta feira, acordei refletindo sobre a observação que escutei na quarta feira do profissional que me entrevistou para o programa de reabilitação cardíaca que vou iniciar em breve.


De um lado estava feliz pois esta é a primeira sexta feira em semanas em que finalmente a maioria das dores que sinto são em função da movimentação de móveis e atividades físicas que me permiti fazer desde o início da semana. Nada recomendáveis para quem passou por um infarto há exatamente um mês, mas pude constatar, ainda estar apta a fazer e desfazer o que eu acho necessário. Sim, eu reconheço que sou mesmo muito, muito rebelde mas não tenho problema em aceitar a autoridade, desde que ela esteja baseada na justiça e ética do contrário irei recusar tudo que não esteja de acordo com os nossos direitos como indivíduo e não vou me permitir ser cúmplice com as barbáries e outras ações que abomino simplesmente por temer me expor ou ser classificada pela sociedade.


Na sequência os pensamentos me levaram para as experiências das ultimas semanas, e percebi que, após eu ter me visto e ter vivenciado o estar no meio daquela linha fina e frágil, que separa a vida da morte, minha percepção, agora muito mais aguçada, eles me instigam e me impulsionam a investigar outras perspectivas, a buscar outros olhares, a especular outros sentires, a conhecer outros pensamentos, a repensar meus valores e a chegar talvez perto de tentar a entender o sobe e desce do qual chamamos de evolução humana.


Assim decidi que vou estar Epoché, que em grego quer dizer "suspensão, suspender os juízos", conceito central no Ceticismo. Como seres humanos, todos nós somos uma máquina de produzir juízos, desde o momento em que acordamos até o momento que dormimos, estamos produzindo e emitindo juízos sobre tudo o que nos cerca e nos chega. Eu quero suspender os meus juízos, pois quero observar, quero refletir sobre as sociedades mergulhadas nesta disfunção social evidente e aguda, que assola o mundo e que se tornaram presas fáceis a contribuirem para a proliferação de todo tipo de informação sem qualquer base racional, bem como sobre a noção de realidade que está sendo substituída por fantasia ou alienação.


Por ser muito rebelde, constantemente me confronto, reconheço muitos fenômenos em mim mesma, isto propicia a potencialização de todos os meus pensamentos e ainda me tira da modalidade intuitiva, que naturalmente vive produzindo juízo de valores, que com certeza podem estar a comprometer minha clareza. Desta forma creio que está e fica muito claro os exercícios que me imponho e a importância que os mesmos possuem para que possamos apresentar conclusões sobre qualquer coisa. Para finalizar trago aqui frase que se seguiu após o meu comentário original postado no Instagram e Facebook e que inicia este post em seu primeiro paragrafo. Ele resume o que sou e porque o sou: - "Eu não vou desistir nunca da minha possibilidade individual de me colocar como um indivíduo".


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